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quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Seis meses e quatro batidas na porta



Primeira batida na porta. Uma caixa vazia. Segunda batida na porta. O ponto final de uma carta de três folhas. Terceira batida na porta. Passos rápidos na escada.

Ela o convidou para entrar. Pegou duas cervejas na geladeira e sentou no sofá ouvindo seu silêncio, mais alto que qualquer palavra já dita por ele. Ele continuava dando goles longos em sua cerveja, engolindo tudo como havia feito com seu relacionamento de seis meses. Engolindo planos desfeitos, falsas verdades, conversas mal resolvidas. Engolindo ela (e não como ele realmente queria engolir).

'Você quer comer alguma coisa?'
'Comida não vai fazer esse vazio ir embora'

Ele perguntou onde estavam suas coisas, disse estar apressado e levantou do sofá. Ele queria que ela o pedisse pra ficar. Ela queria uma cura para a dor. Pegou a caixa vazia e colocou a carta dentro dela.

'Isso é tudo que tenho para te dar'
'Essa é sua despedida?'
'É pra você se lembrar de mim'
'Não quero sobreviver da sua memória'

Voltou a sentar no sofá e terminou de tomar sua cerveja. Ela o seguiu e sentou ao seu lado, segurando suas mãos. O silênciou voltou a falar mais alto e ninguém sabia o que fazer. Ele queria que ela deitasse no seu colo para acariciar seu cabelo até ela dormir. Ela queria brigar com ele no carro, sentir ciúmes de qualquer uma e fazer as pazes do jeito que só eles sabiam fazer.


Ele disse que ia ler a carta em casa, mesmo sabendo que as palavras escritas no papel iam se transformar em pedaços jogados por seu quarto junto com seis meses de recordações. Ela não disse nada, abaixou a cabeça e tentou achar uma solução para aquela tortura. Ele abaixou ao seu lado, passou a mão em seus cabelos e deu um beijo em sua cabeça.

'Eu preciso ir'
'Você volta?'

Quarta e última batida na porta. Um adeus deixado para trás.

"Is there a remedy for waiting for loves victorious return?"



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