Todos os dias antes de dormir falava para mim mesma: "Espera, espera, que vai passar".
O meu passatempo favorito sempre foi sentar e ver minha vida passar na sessão da tarde. Dava play continuamente, não avançava e nem ia para trás.
O nosso último beijo sempre foi minha cena preferida. É que você foi embora prometendo voltar no dia seguinte e cá estou 3 anos depois repetindo a cena, na minha cabeça e na TV à minha frente, e te amando de um jeito inexplicável por nunca mais ter voltado.
Você foi o único corajoso suficiente a ir embora e não olhar para trás e até seus amigos nunca mais souberam qualquer notícia sua. Mas eles seguiram em frente e eu continuo aqui, vendo minha sessão da tarde, e te amando desse jeito estranho. Te amando porque na vida a gente precisa fazer papel de idiota e sofrer por todos aqueles caras que nossa mãe nos avisou para ficar longe.
Fiz papel de idiota quando te conheci na festa do seu primo e quis ficar com seu melhor amigo, você me levou pra casa bêbada e me deu um beijo de boa noite em minha testa. Mas também fui idiota todos os dias quando ficava na fila do pão e depois comprava jornal só pra viver 'O Último Romance' dos Los Hermanos e ainda tinha a coragem de chegar em casa e te dizer: 'Do nosso amor a gente é quem sabe, pequeno'. E quando conheci sua mãe pela primeira vez e levei um bolo de chocolate, queimado, para ela comer? É que dessa vez eu fui tão idiota assim como agora escrevendo esse texto, mais um, pra você.
A sessão da tarde tá acabando e eu tenho que me preparar pra dormir. Mas espera, espera, que tudo vai passar.
Ainda acho que a minha ideia do livro (à la Freakonomics) deve ser levada em consideração.
ResponderExcluirBest seller garantido ;D