Pesquisar este blog

domingo, 27 de outubro de 2013

Da sua, que não foi nada sua.

Os Pássaros by Los Hermanos on Grooveshark

Ando sonhando com você repetidas vezes, e é engraçado como, até nos meus sonhos, você continua com esse jeito babaca, mas tão envolvente.

Lembro-me de quando o vi pela primeira vez. Nunca soube lidar com troca de olhares e sempre vivi de cabeça baixa quando percebia que você me olhava. Acho que esse sempre foi o meu erro desde o começo, acho que esse é o meu erro na vida.

Nossa história não teve começo, meio e fim. Nossa história não foi um filme. Nossa história não foi um livro. Nossa história não foi uma história.

É engraçado o modo como as coisas acontecem. Um dia eu acordei, olhei para o lado e você não estava mais lá. Não me fazia mais rir com as suas piadas, não tão engraçadas assim, mas que eu sempre ria porque gostava do modo como você as contava. Ainda lembro quando você dizia que precisava ser engraçado para conquistar alguém.

Eu sinto sua falta e nem deveria. Mas quando eu acho que esqueci das nossas conversas e do seu sorriso bobo, você aparece do meu lado. No ônibus, na sala, na rua. Te vejo em todos os lugares e você nem sabe.

Acho que você já se esqueceu de mim, mas também acho que deve se lembrar as vezes, quando vê que também não estou mais ao seu lado abaixando a cabeça e desviando meu olhar. Também deve se lembrar de quando ouve Cícero, Los Hermanos ou Beatles. Nunca esqueci o sorriso no seu rosto quando te contei do meu gosto musical.

Os meses passaram, o tempo passou, e a vida continua passando. Não sei mais da sua vida, não sei se continua em São Paulo ou se mudou para o Rio. Mas, como Tom diz para Summer (e você nem deve saber quem são eles), eu realmente espero que você esteja feliz.

Da sua, que não foi nada sua,

C.

domingo, 21 de julho de 2013

Domingo

 Run by Snow Patrol on Grooveshark


Chega o final do domingo e, com ele, aquele vazio, que antes não incomodava tanto assim. Talvez porque eu ainda espero você me dizer, como sempre faz, que segunda não vai ser tão ruim quanto eu imagino.

Você senta do outro lado da cama e passa as mãos nos cabelos como se não aguentasse mais essa situação. E eu não consigo mais te olhar, mas toda vez eu olho. E sinto sua falta. Mesmo você estando do meu lado, como sempre esteve.

Não sei como chegamos aqui. Você. Eu. Uma distância entre nós.

- Você foi a única coisa certa, de todas as coisas que eu fiz.

Jogo as palavras de uma vez, e você permanece em silêncio. Você se levanta e a distância aumenta. Não consigo mais ver seus olhos e choro. Existe uma linha tênue entre nossa distância no quarto e nossa distância pra sempre.

- Eu só quero achar uma maneira fácil de sair dessa situação.

Nossos olhos enfim se encontram, mas você logo abaixa a cabeça de novo.

- A gente sempre vai ter medo, mas precisamos consertar essa bagunça.

Você se encaminha para a porta, pega suas coisas e põe a mão na maçaneta.

- Eu sempre vou estar aqui pra você, meu bem.

A porta se fecha. A linha tênue some. Você foi embora. Eu fiquei.

Chega o final do domingo e, com ele, aquele vazio. Vazio. Distância. Eu. Sozinha.

domingo, 7 de abril de 2013

Depois do pôr do sol vem sempre a tempestade

You Are My Sunshine by Johnny Cash on Grooveshark

Tento acordar e não reparar que o seu lado da cama está vazio e arrumado, mas eu sempre acordo e desarrumo pra fingir que você dormiu comigo noite passada. E ai a noite chega, mas você não. E eu arrumo pra desarrumar tudo de novo. A cama e a minha vida.

Passei a andar olhando para todos os lados procurando você em alguma risada sem graça ou em tênis sujos que andavam rapidamente. Não te encontrei, mas acabei me achando em cabeças baixas e passos lentos.

Me sinto sozinha o tempo todo, acho que esse é nosso presente quando ficamos velhos. Você sempre me disse isso e eu sempre respondi que odiava me sentir sozinha, mas que adorava ficar sozinha com você. Existem milhões de pessoas ao meu redor e mesmo assim me sinto perdida e solitária. Eu sempre guiei seus passos e agora não consigo controlar os meus. Não é triste saber que depois do pôr do sol vem uma tempestade?


Eu sempre quis o melhor pra você, mas fui egoísta quando achei que o melhor pra você (e pra mim) seria você estar comigo. Cícero diz que a gente sempre deixa de cuidar do que já tem na mão, e será que eu deixei de cuidar de ti do jeito que você precisava? Minhas mãos com certeza não cuidam mais de ninguém, principalmente de mim mesma.

A noite ta chegando e você ainda não chegou. Os dias estão passando e você ainda não voltou. Meu coração está doendo e ainda não parou. Minha mente está explodindo e ainda não descansou.

E eu? Eu estou desmoronando e ainda não terminei.


domingo, 27 de janeiro de 2013

Olha esse sorriso tão indeciso

 De Onde Vem a Calma by Los Hermanos on Grooveshark

Ela o olha mudar a página do seu livro e tomar seu café, e disfarçadamente desvia o olhar quando percebe que ele põe seu livro sobre a mesa e olha em volta. Não há um encontro de olhares e nunca houve, mas ela não se importa. Observá-lo era a parte favorita do seu dia.

Ela já havia o decifrado. Homem solitário que gosta de tomar café e ler um livro ao lado de pessoas estranhas para não se sentir tão sozinho no mundo. História clichê. História dela, também. Mas ela não toma café, nem tem um livro em suas mãos ou jogado sobre a mesa. Ele preenche o vazio dela, mas será que o livro preenche o vazio dele?

Ele dá um gole no café e fecha os olhos e ela sabe que ele faz isso pra descansar dessa vida sem graça. Ela também sabe sua calça preferida, o modo como cuida do seu livro para que ele não suje, e como ele sempre queima a boca logo que toma seu primeiro gole de café. E ele não sabe que ela existe. O mundo é cheio de distância, e essa é só mais uma delas.


Se ele soubesse que o sol aparece só pra ver ele passando, ou como a chuva cai devagar pra acompanhar o silêncio de sua leitura. Ou que enquanto ele lê seu livro e toma seu café, ela procura mil maneiras de iniciar uma conversa com ele, ou que quando ele quase olha pra ela, o mundo inteiro congela por cinco minutos. Ah, se ele soubesse.

Ele termina sua leitura, dá seu último gole no café e paga a moça do caixa agradecendo com o mesmo sorriso de todos os dias. Um sorriso que exibe sua solidão e faz companhia para a solidão dela. Ela o segue com o olhar até ele sumir de vista, e mais uma vez o sorriso solitário se exibe. Na boca dela. E no corpo inteiro. E o coração sorri por dentro. Amanhã é um novo dia. E ele sempre volta.