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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

The seasons have changed and so have we...


Sentei no banco da praça em frente à minha casa e tentei me lembrar da última vez que havíamos sentados naquele banco. Com tantas brigas e declarações de amor, ele havia se tornado uma parte da nossa relação e, infelizmente, a parte que mais doía. 

As estações mudaram e nós também. Seguimos caminhos diferentes e nossos desencontros se tornaram constantes. Sei que não nos vemos há muito tempo e nossas vidas seguem em rumos opostos, mas toda noite penso em pegar o telefone só pra escutar sua voz e ter certeza que vai ficar tudo bem.

Ah, amor, sinto falta das noites de brigas no banco da praça que se transformavam no bom dia da manhã seguinte com seu capuccino me esperando na cozinha. Ainda tento explicar pro meu coração que esses dias não voltarão nunca mais, mas como convencer alguém tão teimoso quanto ele?



Queria te dizer tanta coisa, amor. Que não sou mais amiga daquela menina que você tanto odiava e que tanto me fez mal. Ou que meu pai sempre pergunta de você e diz que sente falta das suas conversas sobre futebol e política. Ou que ainda sento no banco da praça esperando sentir suas mãos nas minhas e dizer que voltou pra ficar. 

Os meses passaram, os anos passaram, e ainda não consigo dormir direito. Toda vez que tento dormir, você aparece para assombrá-los. E nós sentamos no banco e você me diz que quer se lembrar pra sempre desse momento. Mas é apenas mais uma noite e mais um sonho desperdiçados em você. 

As estações mudaram e nós também, mas o banco da praça continua o mesmo.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

I don't believe in love, but I believe in you

Anyone Else But You by The Moldy Peaches on Grooveshark

Eu sempre dei risada das minhas amigas por acreditarem em amor verdadeiro, amor à primeira vista, ou qualquer merda que envolvesse essa palavra. A verdade é que eu nunca acreditei em nada disso e sempre desconfiei de todas as pessoas que tentaram se aproximar de mim.

Fui chamada de mal amada, rancorosa, depressiva, dentre muitos outros 'xingamentos' que uma pessoa triste e sozinha poderia ser. Mas eu nunca entendi porque me achavam triste e sozinha só porque não acreditava no amor. Eu era feliz da minha maneira e não precisava de ninguém pra me completar.

Sempre fui autosuficiente, me fiz muito mais feliz do que todos os homens que já tentaram e foram mal sucedidos. E ai você apareceu com o mesmo discurso que o meu, não fez promessas de que iria me mudar e fazer acreditar no amor, dividiu a conta quando eu aceitei jantar com você e não me ligou no dia seguinte.

Fiz meu charme, você fez o seu e criamos aquela não-relação, só sexo sem compromisso, de todos aqueles filmes idiotas que o casal fica junto no final. 6 meses depois as coisas foram ficando mais sérias, as brigas começaram, o ciúme ficou mais doentio, os amigos foram apresentados e a não-relação se tornou uma relação.

E eu fiz o que eu faço de melhor há 21 anos: fugi. Saí da sua vida sem nenhuma explicação, não liguei, nem deixei recado com os seus amigos. E você não foi atrás de mim, não ligou, nem mandou recado. Mentes iguais pensam iguais, certo? Errado.

De todos os meus erros, você foi o mais certo. Você provou o que todos quiseram provar e não conseguiram, você me fez feliz. E eu gostei de você mais do que gosto de pizza, e eu gosto muito de pizza.

Eu nunca acreditei no amor, mas acreditei em você.


quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Noite passada



Acordei com sua foto olhando pra mim me fazendo lembrar de tudo que eu havia esquecido, ou tentado esquecer, noite passada. A gente prometeu se encontrar no mesmo lugar que nos vimos pela primeira vez, mas você não apareceu e eu te troquei pela cerveja e algum cara qualquer.

A minha roupa continua jogada no chão com cheiro de cigarro, o telefone dele continua no bolso da minha calça e a sua foto continua me olhando, implorando pra eu aparecer na sua casa de repente, te levar pra fugir comigo e nunca mais voltar. Mas eu pego o celular e mando mensagem pro carinha qualquer que ficou comigo ontem.

Chamei ele pra vir em casa, fumar um último cigarro e perguntar quem é o babaca da foto que me olha tanto. Como explicar pra ele que a nossa história virou uma música de 4 minutos? Que quando eu te ligo, a caixa postal me atende? Que quando nós jantamos, suas mãos fogem das minhas? Ou que quando vemos algum filme a gente senta em sofás separados e você não deita mais no meu colo? Como explicar que viramos estranhos da noite pro dia?

Você diz que me ama e vai embora, você diz que eu te machuco e fica. Eu te trago em casa mas você não passa a noite, você deita comigo mas ficamos quietos...e com nossas roupas no corpo. Eu te faço companhia pra você não se sentir sozinho. Hoje você está aqui, amanhã não está mais. 

Eu o mandei ir embora e voltar amanhã, com cerveja e cigarros. Eu vou ficar bêbada e te esquecer por uma noite....
                                                                                                     





                  ...mas vou acordar amanhã com sua foto olhando pra mim me fazendo lembrar de tudo que eu havia esquecido, ou tentado esquecer.

domingo, 30 de setembro de 2012

Eu não nasci para o amor

Not Made For Love by Metronomy on Grooveshark

Eu sempre falhei nas minhas histórias de amor, a verdade é que não nasci para amar e nem para ser amada. A vida ensina muita coisa pra gente e eu aprendi que o amor não é pro meu bico.  E nessas de aprender com a vida eu sosseguei, mas ainda não aprendi a te esquecer.

Você descobriu as minhas falhas no amor quando te amei da maneira mais errada possível. Eu te disse que nunca me dei bem com sentimentos e você disse não se importar com isso.

- Você não sabe onde está se metendo.
- Eu sei o que estou fazendo.
- Eu não nasci pra isso...pro amor.
- Todo mundo merece amar e ser amado.
- Eu vou te machucar.
- Eu não me importo.

E você se importou.
Se importou quando eu não apareci no seu aniversário e te mandei uma sms falando parabéns com um sorrisinho no final. Se importou quando te encontrei no dia seguinte e fingi que nada tinha acontecido. Se importou quando disse que me amava e eu respondi com um beijo de despedida. Você acordou sem ninguém do seu lado e com um bilhete dizendo: não me procura mais!

Eu te amei e te machuquei, eu não me amei e me machuquei. Minha vida é um conto de falhas e você foi apenas mais uma delas.



quinta-feira, 20 de setembro de 2012

800 dias com ela



Eu a levei para tomar café numa tarde fria. Ela acordou na minha cama bagunçada numa manhã ensolarada. Tomamos café da manhã, conversamos, ficamos calados, nos amamos, nos separamos. Tudo isso em 800 dias.

Eu sempre achei que nosso relacionamento era uma cópia fajuta de '500 Dias com Ela', mas na nossa versão o Tom e a Summer trocavam de lugar infinitas vezes. Eu era a Summer quando dizia que não queria nada sério, mas fui o Tom quando nos encontramos semana passada e desejei toda a felicidade do mundo pra ela. Ela era o Tom quando criou expectativas demais, mas foi a Summer quando disse que o Ringo era o seu beatle preferido.

Ela é daquele tipo de mulher que não se acha suficiente pra ninguém ou complicada demais para alguém amar. O problema é que ela nunca descobriu que o mundo para quando ela passa ou que todos que tentaram amá-la falharam por saber que ela era boa demais pra qualquer um. Ela nunca descobriu que ela foi e ainda é a mulher da minha vida.


Não sei porque terminamos. Eu só disse que precisava de um tempo para por minha cabeça no lugar, mas a verdade é que tudo fica no lugar certo apenas quando nós dois estamos juntos. Não tem mais graça assistir meus filmes de terror sem ela do meu lado pra ficar assustada e colocar a almofada na cara nas melhores cenas. Meu carro não é mais o mesmo sem ela no banco do passageiro pra cantar comigo o cd inteiro do Oasis. E minha cama, agora, só tem um lado bagunçado.

800 dias depois eu a convidei para tomar café numa tarde fria. Depois de esperar durante 15 minutos no carro tentando raciocinar se aquela foi a decisão certa a tomar, ela veio ao meu encontro trazendo o cd do Oasis nas mãos.

'Vamos ouvir juntos?'

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Tap on my window, knock on my door

She Will Be Loved by Maroon 5 on Grooveshark

 Eu tinha 18 anos quando a gente se conheceu. Você ficou encantado com meu sorriso tímido e eu fiquei encantada por você. Sempre gostei de quem olha no olho e não desvia o olhar por medo ou vergonha e você soube me enxergar como ninguém.

Minhas inseguranças tentaram me afastar quando você insistiu em entrar no caminho da minha confusão. Você descobriu os meus problemas e prometeu me ajudar, mas eu fugia toda vez que suas mãos buscavam pelas minhas.É que eu gostava de ser uma garota problemática e sempre me achei independente o suficiente para tentar me consertar. 22 anos depois e eu ainda não consegui, a verdade é que ninguém se conserta sozinho meu bem, e você apareceu pra mudar isso.

Ainda sinto saudades quando passo pelo meu computador e vejo a marca do copo de cerveja que você deixou na minha escrivaninha. Você fazia seus trabalhos da faculdade e toda vez que eu passava bagunçava seus cabelos e dava um gole na sua cerveja. Você nunca se sentiu incomodado, me dava um beijo na cabeça e voltava a se concentrar nos trabalhos. E eu me encantava, me apaixonava e te amava cada vez mais.

Eu nunca te disse que você era a minha pessoa favorita do mundo, que seu abraço era a única coisa que me salvava quando eu queria me esconder no carro pra chorar (você sempre brigava comigo quando me encontrava com a cabeça apoiada no volante), que a maneira como você me amava me fazia sentir a menina mais feliz do mundo, que eu só dormia quando escutava você cantar she will be loved  e que você era a única pessoa que entendia o quanto essa música era importante pra mim.

E agora eu to aqui do lado de fora da sua casa pensando em te dizer tudo isso enquanto olho pela janela você ver algum programa de esporte na televisão. O copo de cerveja tá vazio e seu cabelo não ta mais bagunçado. Tá tudo tão diferente, meu bem.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

A gente nunca foi feito um pro outro

Can't Let Go (Radio Edit) by Landon Pigg on Grooveshark


A gente nunca foi feito um pro outro, e como qualquer casal disfuncional nosso desencaixe era perfeito. Nos amavamos quando tinhamos vontade e depois seguíamos nosso caminho como dois estranhos que nunca se conheceram. Você sempre disse que era isso que nos tornava melhor que qualquer outro casal, mas eu sempre achei triste a maneira como agíamos.

Nunca fui a menininha que se apaixona pelo primeiro cara que promete alguma coisa, sempre me manti longe de promessas e tentava escapar de qualquer um que me prendesse. Com você foi diferente, tive a liberdade que sempre procurei ter e nenhuma promessa foi feita. Eu estava perdida e você quis se perder junto comigo.

Eu quis te dar meu mundo, mas você só queria uma parte dele. A verdade é que você nunca precisou de ninguém pra te completar, meu bem, e minha parte se transformou em uma memória perdida na sua mente confusa.

Nos perdemos tanto que não conseguimos mais nos encontrar e agora você atravessa a rua toda vez que me ve passar.



quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Seis meses e quatro batidas na porta



Primeira batida na porta. Uma caixa vazia. Segunda batida na porta. O ponto final de uma carta de três folhas. Terceira batida na porta. Passos rápidos na escada.

Ela o convidou para entrar. Pegou duas cervejas na geladeira e sentou no sofá ouvindo seu silêncio, mais alto que qualquer palavra já dita por ele. Ele continuava dando goles longos em sua cerveja, engolindo tudo como havia feito com seu relacionamento de seis meses. Engolindo planos desfeitos, falsas verdades, conversas mal resolvidas. Engolindo ela (e não como ele realmente queria engolir).

'Você quer comer alguma coisa?'
'Comida não vai fazer esse vazio ir embora'

Ele perguntou onde estavam suas coisas, disse estar apressado e levantou do sofá. Ele queria que ela o pedisse pra ficar. Ela queria uma cura para a dor. Pegou a caixa vazia e colocou a carta dentro dela.

'Isso é tudo que tenho para te dar'
'Essa é sua despedida?'
'É pra você se lembrar de mim'
'Não quero sobreviver da sua memória'

Voltou a sentar no sofá e terminou de tomar sua cerveja. Ela o seguiu e sentou ao seu lado, segurando suas mãos. O silênciou voltou a falar mais alto e ninguém sabia o que fazer. Ele queria que ela deitasse no seu colo para acariciar seu cabelo até ela dormir. Ela queria brigar com ele no carro, sentir ciúmes de qualquer uma e fazer as pazes do jeito que só eles sabiam fazer.


Ele disse que ia ler a carta em casa, mesmo sabendo que as palavras escritas no papel iam se transformar em pedaços jogados por seu quarto junto com seis meses de recordações. Ela não disse nada, abaixou a cabeça e tentou achar uma solução para aquela tortura. Ele abaixou ao seu lado, passou a mão em seus cabelos e deu um beijo em sua cabeça.

'Eu preciso ir'
'Você volta?'

Quarta e última batida na porta. Um adeus deixado para trás.

"Is there a remedy for waiting for loves victorious return?"



segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Eu sempre gostei de quebrar regras

Longe by Marcelo Jeneci on Grooveshark

Nos alertam para ficarmos longe de pessoas deprimidas, sozinhas e melancólicas. Mas eu sempre gostei de quebrar regras e minha tolice me fez ser uma delas. Não me arrependo de ser assim, as noites acordadas me fizeram ser mais inteligente e eu aceitei minha solidão.

Sempre vivi minha vida esperando algo que eu nunca soube o que realmente era. Não era Shakespeare que dizia que a expectativa é a raiz de toda dor de cabeça? Pois a enxaqueca sempre fora minha melhor companhia, até você aparecer. Em 21 anos sempre esperei o errado e em uma noite você me mostrou o certo.

Você me pediu pra parar de esperar. Disse que eu devia me arrepender de desperdiçar minha vida ficando acordada esperando uma mudança dramática da noite pro dia e ainda me chamou de covarde por não ir atrás dos meus sonhos. As coisas acontecem quando a gente faz acontecer e você aconteceu pra mim.


Eu era desestruturada e você encaixou peça por peça, disse que faltava uma base de apoio para me sentir segura e em uma noite você prometeu ser ela. Porque a chuva ia chegar, ia trazer desilusão, frustração e memórias perdidas. Porque a chuva ia chegar e tentar me levar embora, de novo. Mas naquela noite você era a minha base de apoio e me segurou tão forte que eu não consegui escapar.

Lembra quando eu te disse que nunca fui muito de chorar? Você me deu sua mão e disse que eu estava me enganando, porque quando a gente chora a gente desentristece não é? E eu chorei, desentristeci e aprendi a não olhar pra trás.

Mas eu sempre gostei de quebrar regras, meu bem, e ainda olho pra trás só pra ver se te encontro de novo.



quarta-feira, 25 de julho de 2012

I loved you first

 Samson by Regina Spektor on Grooveshark

A mensagem que queria mandar para ele já estava salva nos rascunhos, assim como as palavras em sua mente. Ela disse que tava confusa, ele disse que não tinha tempo para confusão. As amigas avisaram que ela estava sendo fraca, mas a fraqueza não é a companheira da solidão?

Ela deu o primeiro passo. Pintou seu cabelo de ruivo e o conquistou quando criticou Radiohead, a banda preferida dele. Começaram a sair por diversão, nada de sentimentos, só sexo (regras definidas por ele). O sexo durou seis meses, o amor um ano.


Não havia mensagens ou ligações perdidas em seu celular, as roupas dele não estavam mais jogadas e amassadas no chão e o cabelo ruivo já estava desbotado. A história de amor não era mais contada por ninguém. Os livros, as músicas, as fotos e ele. Todos haviam se esquecido.

As regras do jogo haviam mudado. Não existiam mais beijos para fazê-la adormecer, ou Radiohead para ela criticar. Trocou o amor pela confusão e foi trocada por uma batida de porta, nada confusa.

Ela amou ele primeiro, ele amou ela por último. 



segunda-feira, 16 de julho de 2012

Video Games

Video Games by Lana Del Rey on Grooveshark

Te deixei em casa e esperei você abrir a porta com todo o cuidado pra não acordar seus pais. Da última vez sua mãe brigou com você por estar chegando em casa tão tarde, mas logo tudo ficou bem quando você disse que estava saindo comigo. Eu já te disse como você parece com ela quando fica brava?

Lembra quando te encontrei chorando sentada na calçada em frente a minha casa e te levei pra dormir na minha cama? Tirei o cabelo da sua cara, dei um beijo na sua cabeça e disse que tudo ficaria bem. Você sorriu com a cara inchada de tanto chorar, enfiou sua cabeça em meu peito e prometeu nunca mais sair de lá. Nunca soube porque você estava chorando, mas naquele momento eu descobri que estava ferrado porque tinha me apaixonado ainda mais por você.


Sabe, pequena, a vida pode ser triste mas fica linda quando vejo você sorrindo pra mim. Quando você canta Los Hermanos e diz que eu preciso, sim, de todo o (teu) cuidado. Quando me liga no meio da noite pra me enganar dizendo que tava com saudade, quando eu sei que é pra escutar minha voz e se acalmar do pesadelo que teve. Quando eu te disse que te amava pela primeira vez e você sorriu dizendo que já sabia e depois me abraçou e sussurrou no meu ouvido: eu também!

Eu me perco e me acho em você todas as vezes. Teu riso é meu abrigo, tua voz é minha canção e teu coração é meu descanso.  Heaven is a place on earth with you.


domingo, 24 de junho de 2012

Olhos castanhos

Mr. Confusion by Beeshop on Grooveshark

Lembrei de seus olhos hoje. Olhos castanhos cheios de verdade. Verdades que nunca saíram de sua boca. Olhos castanhos que sempre foram meu descanso. Descanso esse, tão cansado.

Palavras tão confusas quanto minha própria mente. Você sempre me achou confusa, mas prometeu fazer parte da confusão. Fomos confusos juntos e viramos do avesso meses depois. Não te via em nenhum lugar, mas você me via o tempo todo.

O tempo sempre fora nosso inimigo, agimos certo nas horas erradas e agimos errado nas horas certas. Suas mãos sentem falta das minhas e meus olhos sentem falta dos seus. Ninguém vê ou sente a nossa verdade, dela a gente é quem sabe.

Quero ouvir sua voz. Voz tão grossa que me encanta. Encanto que chega de canto pra me encantar. Voz que o vento levou pra nunca mais voltar. Volta, bate na minha porta.

Sento na varanda e fumo meu cigarro. Sinto falta de nossas conversas que foram embora com sua última tragada. O cigarro continua no chão do meu quarto junto com a camiseta que você esqueceu da última vez que dormiu aqui. Detalhes confusos. Você. Eu. Nossa confusão.

Pega o telegone e liga pra mim. Disca meu número e me confunde. Aparece sem querer pra eu te confundir. Bate na porta. Volta pra confusão.


quarta-feira, 6 de junho de 2012

Love hurts

Love Hurts (Acoustic Version) by Incubus on Grooveshark

- Por que você gosta de mim?
- Porque você não me machuca como os outros.
- Quem são os outros?
- Todo mundo.
- Eu também gosto de você, você me faz bem.
- Eu já te machuquei?
- Uma vez, mas não vamos falar sobre isso.
- Mas eu preciso saber...pra não te machucar de novo.
- Você disse que me amava.
- Eu não entendo.
- Não entende o que?
- Porque isso te machucou.
- Porque me amar vai doer.
- Não dói.
- Mas vai doer.
- Porque?
- Porque amar dói.
- E você me ama?
- Amo.
- E isso machuca?
- Machuca.
- Porque?
- Porque eu te amo e isso machuca.
- Porque amar dói.
- E machuca.
- Demais.
- É.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Morena

"Te encontro no show, morena".

Apagou a mensagem assim que terminou de ler. Ele voltara a mandar suas mensagens fazendo os mesmos joguinhos de sempre desde uma semana atrás e sempre fazendo-a lembrar de tudo que tinham vivido. Da noite mais bela à noite mais trágica. Do primeiro olhar ao último beijo. E claro, dos piores 3 meses de sua vida.

Ela seguiu seu dia da maneira que pode, mas a mesma palavra insistia em voltar a sua mente todas as vezes que ela parava um segundo para respirar e se permitia pensar nele. Morena. Não era certo ele fazer isso com ela, não era. Hoje era o show da banda preferida dela....e dele também. Não queria encontrar com ele no show, não queria recordar de todas as vezes que planejaram cantar abraçados e de olhos fechados a música deles e não queria chorar quando eles tocassem a música que ela estava ouvindo naquele dia quando descobriu tudo.

Depois de terminar de se arrumar para ir ao show e pegar as chaves do carro, recebeu mais uma mensagem dele. "Pus em quase todo lugar a foto mais bonita que eu fiz, você olhando pra mim". Respirou fundo, se olhou no espelho e desmoronou. Deitou no sofá e deixou as lágrimas escorrerem pelo seu rosto, melhor chorar em casa do que na frente dele. Ela não queria chorar na frente dele, nem sorrir. Queria ser prepotente e virar a cara toda a vez que cruzasse seu olhar com o dele. Deus escreve certo por linhas tortas e naquele dia as linhas tortas seriam eles. Ele assistindo o show do lado dela, a outra. E ela assistindo eles, de camarote. E ele fazendo os mesmos joguinhos de sempre.

O show durou duas horas e meia e a cada 5 minutos ela olhava para o lado. Cantou todas as músicas revivendo seus 3 anos de namoro e revivendo os piores 3 meses de sua vida. Chorou e sorriu em todas elas. A tristeza e a felicidade caminham lado a lado, assim como eles caminhavam há 3 meses atrás. "E se eu numa esquina qualquer te vir, será que você vai fugir?".

Ela ficou, ele fugiu.

Adeus você....




quarta-feira, 25 de abril de 2012

Eu te amo e nunca te contei

Tiny Vessels by Death Cab for Cutie on Grooveshark

Nunca fui bom em escrever cartas, aliás nunca fui bom em nada com você. Não consegui te telefonar para avisar que estava indo embora, de vez. Passei em sua casa mas fiquei esperando do lado de fora na esperança de você (não) aparecer. E ainda apago todas as palavras que começo para te escrever um email e perguntar como você anda, mesmo depois de 1 ano e meio aqui.

Acredito que agora você já tenha conseguido seguir sua vida, encontrado alguém que te faça feliz de verdade e não te deixe esperando sozinha no primeiro encontro. Ainda lembro quando sempre ríamos dessa situação, eu implorando pra você me dar uma segunda chance e você batendo a porta na minha cara. 3 vezes.

Te encontrei, sem querer, 2 meses depois e me apaixonei por você em 2 semanas. Ninguém acreditou em mim, eu não acreditei em mim e você acreditou. E aí minha série de erros começou. E você acreditou em mim. Não estou escrevendo essa carta como um pedido de desculpas, porque minhas desculpas não serão suficientes pra você. Estou escrevendo porque sinto sua falta e quero encerrar a minha série de erros com pelo menos um acerto ou um último erro.

Nunca te disse que te achei linda desde a primeira vez que te vi. Você derrubou sua bebida em mim, enquanto tentava chegar ao banheiro para procurar sua amiga e a gente conversou a noite inteira. Pedi seu telefone e marquei nosso primeiro encontro e não apareci, não liguei, não mandei mensagem. Te deixei sentada sozinha esperando duas horas na mesa do seu restaurante preferido. Ontem eu tive um encontro pela primeira vez desde que fui embora. Sim, ela era linda mas não significava nada para mim.

Antes de dormir sento na minha cama e lembro de quando passava na sua casa 3 horas da manhã só pra te mostrar a música nova que tinha feito pra uma ex-namorada minha. Eu fui um babaca e você acreditou em mim. Você guardou todas as músicas que fiz pra todas as minhas exs e eu nunca te mostrei a que fiz pra você.  Nunca fui bom pra você e você acreditou em mim.

Termino essa carta pedindo perdão por ter aparecido na sua vida e ter feito dela um caos, perdão por ter deixado esperando por duas horas no nosso primeiro encontro e nunca ter aparecido, perdão por fazer você acreditar em mim todas as vezes e perdão por não te entregar essa carta e guardar ela pra sempre comigo. Eu te amo e nunca te contei.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Everlong

Nessa de evitar me apaixonar por alguém, te encontrei de repente, meio sem querer. E você com todo seu jeito fofo e patético de ser, me enganou e fingiu que não ia ser mais um idiota na minha vida. E você não foi mais um idiota. Você foi pior.

Hoje, depois de pensar em 50 maneiras de como falar com você, ri e chorei ao mesmo tempo quando percebi que eu vou seguir a minha vida e ser feliz e você vai viver sozinho, pois quem escolhe o mal-me-quer, paga com o coração. Esse coração bipolar, que um dia acredita no amor e solta as três palavras mais perigosas que já existiram e no outro acha que tá tudo bem agir como um babaca na frente dos amigos.

Nunca soube explicar nossa relação pra ninguém, mas acho que posso resumir em cervejas, the scientist e sacanagem. Ninguém vai entender e você vai fingir ser um deles quando eu resolver vomitar todas essas palavras de uma só vez pra você. E eu vou embora chorando pra casa, mas quando te ver no dia seguinte vou sentar do teu lado e não dizer uma palavra sequer na esperança de você decifrar o meu silêncio e todas as frases prontas e presas na minha mente.

Eu precisei de você, todas as noites que procurava qualquer coisa errada que tinha feito contigo, quis reviver todos os momentos lindos que passamos juntos e você escolheu me decepcionar. Mas me diz: cadê você ai?
O cansaço toma conta de mim quando você resolve me tratar como um lixo e eu continuo agonizada tentando descobrir como você está. Quem esconde a dor por muito tempo, aprende a sofrer calada e aprende que qualquer idiota diz eu te amo.


sexta-feira, 30 de março de 2012

Assim será

Outro dia viu um menino andar do outro lado da rua e sentiu uma vontade imensa de o abraçar. Ele a fazia lembrar dos melhores anos da sua vida e, hoje, ela só queria aquele sentimento de volta. O menino apressou seus passos e ela voltou a andar em direção ao lado contrário. As coisas são assim, agora, e sinto-lhe dizer que o ditado está errado. Tudo que vai, volta? Não. Tudo que vai, vai e se você for o esperta o suficiente, você vai atrás.

Seus pés estavam cansados. Correr atrás sempre fora seu esporte preferido mas agora estava aposentada. Desistiu de tudo quando deixou uma vida inteira para trás e ele não a pediu para ficar. Nunca disse adeus pra ninguém e escreveu uma carta (nunca entregue e escondida na gaveta debaixo de suas roupas) para ele. Hoje, depois de 5 anos longe dessas memórias, aprendeu a dizer adeus para ela mesma e agora toda noite acompanha Marcelo Camelo no Bloco do Eu Sozinho e canta baixinho: Vem dizer adeus ao que restou de quem um dia foi feliz.

Outro dia o menino a viu andar do outro lado da rua e não sentiu vontade nenhuma de a abraçar. Atravessou, sem olhar para os lados, e foi em direção a ela. Oi. Tudo bem? Quanto tempo. Como você está? Sinto saudade. Por que você não pediu pra eu ficar? Tive medo....tenho medo. Te escrevi uma carta. Volta pra mim? Quero aquele sentimento de volta. Tenho que ir, a gente se vê. Tchau. Adeus. Espera. Esperei por muito tempo. Espera mais 10 minutos. Esperei 5 anos. Você não pediu pra eu ficar. Espero 5 minutos. Vamos tomar um café? Fica comigo? Sempre.


quarta-feira, 28 de março de 2012

Olhos de apetite

17 anos, prestes a completar 18. Tímida, sozinha, melancólica. Percorria o mesmo caminho todos os dias e nunca parou pra cumprimentar ninguém. "A vida não para, meu bem." disse para ele uma vez, em seu pensamento.

Sentada no fundo da sala, escrevia. Escrevia para ela, escrevia para ele, escrevia. Se a realidade te alimenta com merda, meu irmão, a mente pode te alimentar com flores, já dizia Caio Fernando de Abreu. Nunca fora romântica, mas adorava quando os olhos dele sorriam para os dela. E escrevia e contava a história de amor de duas pessoas que preferiam troca de olhares do que troca de palavras.

Não o conhecia de verdade, preferia inventar que tipo de pessoa ele era em sua mente. As vezes o amava e na maioria das vezes o odiava, porque odiar é muito mais fácil e faz a gente gostar mais. Um dia sentou na sua frente, na mesa da cafeteria, e procurou por seus olhos de apetite. Quando os achou, sorriu e os olhos sorriram de volta. E escreveu e quis voltar no dia seguinte só pra dizer: 'me salva da minha insegurança, me salva da minha realidade, me salva de mim mesma!'

Ela voltou no dia seguinte, sentou no mesmo lugar e esperou. A espera é uma merda, mas é melhor que o desespero de acordar no meio da noite e desejar a cura pra essa solidão, que nunca acaba. Ele nunca mais voltou, seus olhos foram sorrir para outra pessoa e esqueceram de dar adeus. E ela escreveu. E colocou um ponto final na história de amor. E começou outra, pra tentar ser feliz. De novo.



terça-feira, 13 de março de 2012

I think I was blind before I met you

Lembro quando você me disse que eu sempre estive cega antes de conhecer. Nunca gostei de olhar no olho de ninguém, odiava quando alguém me abraçava e sentia nojo de casais que se viam o tempo inteiro. Lembro quando te vi pela primeira vez sentado na cadeira da cozinha e não me importei com a sua presença. Meninos bonitos não chamavam minha atenção, nada chamava minha atenção.

Sempre fui a primeira a terminar todos meus relacionamentos mal sucedidos. Os bom moços sempre me perdiam quando queriam me fazer feliz e eu sempre acreditei na teoria de que eu era mais homem que todos eles. Eu não quero ouvir que você me acha linda quando eu acordo, nem quero ficar trocando carícias na frente de todo mundo pra mostrar pra eles o que eles não tem. Eu sou eles, eu não tenho e não quero ter.

E ai você, bom moço que só, tentou me encontrar de todas as maneiras e eu fugia de suas mãos quando elas tentavam me alcançar. Mas, de repente, andando por meus caminhos cegos e tortos, acabei me agarrando à elas quando vi que não tinha mais me ninguém pra me segurar. Eu abri meus olhos pra você e descobri que a vida fica muito melhor toda vez que faço isso.

Descobri que estava perdida quando você resumiu minha vida numa frase da nossa música preferida. O medo é o coração do amor, e você é o bom moço que apareceu pra consertar isso. Eu tentei escapar e você me fazia voltar toda vez que aparecia lá em casa dizendo que tava com saudade. Abri os olhos pra você e deixei você me fazer feliz.

E você sorriu porque já sabia.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Deixa eu fingir

Vem, senta aqui, vamos conversar. Me dá sua mão e deixa eu fingir que te protejo enquanto você se sente sozinho e melancólico. Deita no meu colo, deixa eu te fazer cafuné e fingir que eu não fiz merda, das grandes. Me paga um cinema e eu te pago um jantar, deixa eu fingir que eu não bati a porta na sua cara no seu aniversário.

Olha daquele jeito e canta Chico Buarque no carro comigo, deixa eu fingir que as coisas continuam as mesmas e nada mudou. Deixa eu brigar com você porque você fez a barba e te pedir desculpas com beijos, quero fingir que você ainda me chama de pequena. Deixa eu dormir na sua casa e te acordar com meu café da manhã, vamos fingir que é a nossa primeira noite juntos.

Escreve na minha mão sua música preferida, briga comigo por pegar o último pedaço do bolo da sua mãe, me acalma com seus dedos entre os meus e deixa eu fingir que te odeio, que te espero, que não te suporto, que te adoro, que não te quero mais, que te amo. Todos os dias.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Café da manhã

O mundo virou do avesso e eles trocaram telefones. Marcavam de se encontrar todo dia pra tomar café da manhã na padaria em frente à casa dela. Não conversavam e nunca gostavam de contar as histórias de suas vidas. Ela ria, ele olhava, eles davam as mãos. Fim.

Em 5 anos construíram o que muitas pessoas tem medo de construir. Em 5 anos se apaixonaram, se amaram e se perderam, e em 5 anos eles se encontraram de novo. O café da manhã passou a ser no apartamento dele, não conversavam mas começaram a contar histórias das suas infâncias. Ele cozinhava, ela esperava, eles se amavam. Fim.

O mundo virou do avesso - de novo - e ela foi embora do apartamento dele. De tanto ler Caio Fernando de Abreu, ela descobriu que o avesso era seu lado certo. Ele ligava todos os dias e a esperava no café da manhã. O avesso o levou de volta para a padaria em frente à casa dela e ela nunca apareceu. Ele olhava, ela não sorria, eles não deram mais as mãos. Fim.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

De onde vem a calma

Ele odiava o mundo inteiro e queria que todo mundo gostasse dele. Sempre andou de cabeça baixa mas nunca soltou da mão dela. Ela era a única que o entendia e a única que ele queria que entendesse.

Dormiram juntos no primeiro encontro, ela contou como sempre o achara intrigante e ele contou como sempre conversava com ela através de seu olhar. Ela foi embora na manhã seguinte, nunca gostara de acordar em camas de desconhecidos e sempre adorara fugir das pessoas. Ele não correu atrás, não procurou, não ligou. Deixaria sua lembrança viva em sua memória e, principalmente, em seus textos.

Ele estava fumando o último cigarro na varanda de seu apartamento e a avistou andando em direção a seu prédio. Mandou-a subir e ela deu um trago no cigarro, jogando a fumaça em sua cara. Ele sorriu e pegou em sua mão, ela hesitou mas acabou entrelaçando seus dedos nos dele.

- Sabe, eu não gosto das pessoas. Principalmente as desconhecidas que nem você. - ele a olhou desconfiado e soltou sua mão da dela - Não! - disse ela, entrelaçando, de novo, seus dedos nos dele. - Não solta da minha mão!
- Você disse que não gosta de desconhecidos, achei que estava passando dos limites.
- Eu gosto de você.

Ele abaixou a cabeça, mas nunca mais soltou da mão dela.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Stand by me

Cansada de contar e escrever suas histórias para todo mundo, ela decidiu parar. Quando você conta muito (ou escreve contando) sua história para alguém, parece impossível acreditar que ela é verdadeira. E agora, depois de tanto tempo, nem você sabe distinguir o real do imaginário.

Todo dia, antes de dormir, ela toma uma xícara de chá esperando seus problemas irem embora com o vapor da água. Se alguma vez eles chegaram a ir embora, fizeram questão de voltar em seus pesadelos. Os dias (e principalmente as noites) se tornam extremamente difíceis quando as coisas já não fazem sentido nenhum.

A gente nunca sabe como vai ser o dia de amanhã, só o fato de que talvez a chuva de ontem volte hoje ou quem sabe mês que vem? Ela nunca soube de nada, apenas que, assim como a chuva, ele também ia embora e voltava quando queria.

Esgotada de palavras em sua mente nunca ditas, ela fez um acordo com si mesma. Da próxima vez que o visse iria dar o último adeus e, diferente dele, iria embora para nunca mais voltar (para ele ou para seus braços - os mais reconfortantes do mundo).

Depois de 3 meses, ele voltou. De raiva, ela o fez esperar por 1 hora, sentado em sua varanda, até conseguir colocar em ordem todos os problemas existente em sua cabeça. Como você resolve seus problemas se eles, um dia, já foram sua solução?



Quando finalmente se encontraram, ela recusou seu beijo e disse que precisavam conversar. Nenhuma palavra foi dita, mas olhares foram trocados. Quando você não consegue dizer nada, seus olhos falam por você.

Seus olhos, exprimindo dor e saudade, diziam: "There is one thing I could never give you, my heart will never be your home". Ele olhou para baixo e cobriu seu rosto com as mãos. Mas antes de deixar ela partir, disse: "If you're leaving, will you take me with you?"

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Divã

Ela me pediu para sentar naquela cadeira a sua frente e eu hesitei:

- Pode sentar, é confortável - disse sorrindo e tentando passar segurança para mim.

Não gosto da palavra confortável, talvez porque no decorrer de minha vida eu aprendi a me acostumar com o oposto disso, assim como aprendi a desconfiar de sorrisos que ironicamente tentavam demonstrar segurança.

Me sentei, meio de lado, e suspirei. 'Por favor conserta meu coração' pensei e não falei, mas ela pareceu entender.

- Fica tranquila, tudo tem conserto. Quer uma xícara de chá ou café?
- Um copo d'água, por favor.

Se as psicólogas realmente nos entendessem, ofereceriam de cara uma garrafa de vodka para acabar com toda essa merda de uma vez, faríamos um brinde aos babacas e nunca mais nos encontraríamos de novo. Mas a merda não acaba, ela volta.

Ficamos nos olhando por cerca de 15 minutos, nosso silêncio falando mais alto que qualquer palavra já dita antes.

- Acho que já deu tempo de você se recuperar do nervosimo, não é?
- É, acho que sim. - e como faz pra recuperar o coração perdido, doutora?
- Quais são os seus problemas?

Não é engraçado quando as psicólogas acham que podem resolver nossa vida com essa simples pergunta?  São 20 anos de problemas, doutora. Você tem certeza de que quer resolvê-los?

- Eu não consigo mais ser feliz.
- Você já tentou?
- Ele foi embora.
- A gente consegue ser feliz sozinha, menina.
- Eu não gosto da solidão.
- Só porque você está sozinha, não quer dizer que seja uma pessoa solitária.
- Não é isso que ele me diz.
- Ele quem?
- Meu coração.

Mais 15 minutos de silêncio se passaram. Descobri que o silêncio é melhor que qualquer conselho bobo de qualquer psicóloga boba. Mas ela não era uma psicóloga boba, ela também era mulher. E toda mulher já precisou de um conserto no coração.


- As pessoas machucam, menina, e você aprende a conviver com isso.
- Então toda essa merda nunca vai acabar?
- Ela não acaba, ela volta. Você só precisa aprender a lidar com isso.

Depois de mais alguns minutos em silêncio, levantei-me para ir embora mas antes ela disse:

- Abre seu coração, menina. Tem alguém por ai te esperando.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Kissing Shoulders

Ele permanecia nessa mudança constante entre a tristeza e a felicidade. 'Mas não se preocupe, eu ainda estou tentando descobrir o que isso significa' dizia a si mesmo como uma maneira de conforto. Quando não se tem alguém para te confortar, você deve se confortar sozinho.
Você deve ser feliz sozinho.

Há alguns meses ele achava que era o homem mais feliz do mundo. Ela cuidava dele, gostava dele, esperava por ele, amava ele. E todas as noites ele beijava seu ombro antes de dormir. Era sua forma de dizer que se o mundo acabasse naquele dia, eles ainda estariam juntos. O mundo não acabou e ele não beijou seus ombros.


A saudade se transformava em lágrimas sofridas, como dizia Marcelo Camelo, quando se lembrava das palavras favoritas que saíam da boca dela: 'É bom te ver sorrir'. E eles sorriam juntos e dormiam juntos. Quem vai dormir comigo essa noite? Quem vai beijar seus ombros essa noite?

Ela foi embora dizendo que não o reconhecia mais, a vida muda e você acaba mudando com ela. Ele não mudou, apenas deixou de sorrir. A tristeza e a felicidade caminham juntas por uma linha tênue e ela sabia disso.

Todas as noites antes de dormir um beijo nos ombros era dado, hoje ele dorme com Jeff Buckley cantando pra ele: and if you're so clever why are you on your own tonight?

domingo, 1 de janeiro de 2012

But all the little promises that don't mean much

Sentou na varanda de sua casa e olhou para os fogos de artifício que estavam terminando de queimar, depois olhou para o lado e lembrou-se do vazio entre seus dedos. Ano passado tudo havia sido diferente, ano passado ele estava ao seu lado de mãos dadas esperando ansiosamente por mais um ano que chegaria, diferente dela. Ela sabia que algum dia tudo ia mudar. E mudou.

Nunca fora de fazer promessas mas depois de tudo o que havia acontecido só tinha um pedido a fazer e uma promessa a cumprir. Sempre odiou clichês e todo o resto que os acompanhavam, mas infelizmente era a hora de imitar todo mundo e viver uma vida nova no ano novo....maldito clichê!

Hoje era o último dia do ano e o último dia no qual ia se permitir lembrar dele ou da primeira coisa que ele falou quando ela aceitou seu pedido de namoro: 'Eu só queria alguém pra vencer comigo esses dias terrivelmente chatos'.

Era hora de deixar tudo (ele) para trás, reconstruir sua memória e apagar todas noites que passaram ouvindo Alex Turner dizer 'and I hope you're holding hands by new year's eve' e todas as noites que passaram seguindo os dizeres de Alex.

Era hora de cuidar dela mesma e desse coração bobo que insistia em amar errado.
Ano novo, vida nova!

Maldito clichê!