Sentada no fundo da sala, escrevia. Escrevia para ela, escrevia para ele, escrevia. Se a realidade te alimenta com merda, meu irmão, a mente pode te alimentar com flores, já dizia Caio Fernando de Abreu. Nunca fora romântica, mas adorava quando os olhos dele sorriam para os dela. E escrevia e contava a história de amor de duas pessoas que preferiam troca de olhares do que troca de palavras.
Não o conhecia de verdade, preferia inventar que tipo de pessoa ele era em sua mente. As vezes o amava e na maioria das vezes o odiava, porque odiar é muito mais fácil e faz a gente gostar mais. Um dia sentou na sua frente, na mesa da cafeteria, e procurou por seus olhos de apetite. Quando os achou, sorriu e os olhos sorriram de volta. E escreveu e quis voltar no dia seguinte só pra dizer: 'me salva da minha insegurança, me salva da minha realidade, me salva de mim mesma!'Ela voltou no dia seguinte, sentou no mesmo lugar e esperou. A espera é uma merda, mas é melhor que o desespero de acordar no meio da noite e desejar a cura pra essa solidão, que nunca acaba. Ele nunca mais voltou, seus olhos foram sorrir para outra pessoa e esqueceram de dar adeus. E ela escreveu. E colocou um ponto final na história de amor. E começou outra, pra tentar ser feliz. De novo.
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